quinta-feira, 29 de maio de 2008

MISSÃO LATINA NO MUNDO MULÇUMANO




INTRODUÇÃO




Apesar de haver certa proximidade com a nossa, a cultura mulçumana tem sido um desafio a ser enfrentado pelos missionários ibero-americanos, pois mesmo assim há enormes diferenças religiosas, lingüísticas, culturais e valores sociais a serem observados. O obreiro que quer ser bem sucedido na pregação do evangelho deve observar esses e muitos outros detalhes da cultura árabe. Portanto é de total importância do missionário aprofundar-se cada vez mais no conhecimento do mundo árabe ou mulçumano aonde ele pretende realizar seu ministério, ou caso o contrário encontrará enormes barreiras e choques culturais que o farão perder a grande oportunidade em ganhar almas no mundo islâmico.Portanto a obra “Latinos no Mundo Mulçumano”, visa ajudar o obreiro, nessa empreitada missionária, tendo consigo o relato da experiência e adaptação de vários missionários que conviveram entre os mulçumanos e em especial entre o povo madonita.




Os Dois Maiores Desafios



Os dois maiores desafios que o missionário encontrará no mundo mulçumano são a adaptação cultural e a sua luta contra os principados e potestades que governam a vida religiosa e em parte, a vida cultural daquele povo sem Cristo.Adaptação culturalNão é recomendável ao obreiro recém chegado passar suas primeiras semanas em convívio com seus compatriotas, mesmo sendo instruído por eles sobre a vida e cultura local. Nas primeiras semanas o obreiro encontra-se em condições psico-emocionais perfeitas para melhor enfrentar o choque cultural. É recomendável que procure pelo menos nos primeiros meses conviver em casa de famílias mulçumanas. Sendo assim mais rápido será o aprendizado da língua árabe e dos costumes. Portando, o constante contato com o povo dará maiores meios de mais rápida adaptação cultural, e com isso aos poucos as barreiras vão caindo.O missionário Marcelo Acosta quando estava residindo em casa de uma família madonita dedicava maior parte do seu dia no aprendizado do árabe. Quando aprendia algumas palavras ia até a Medina praticar com o povo. Desta forma adquiriu fluência na língua e conquistava a confiança e amizade deles.


Batalha espiritualO obreiro também não pode deixar de se revestir do poder de Deus, através da meditação na Palavra, jejum e oração. Pois o mesmo enfrentará uma batalha contra a opressão de forças demoníacas no lugar. Há um tipo de islamismo popular em alguns países que mistura elementos pagãos de feitiçaria, espiritismo e adoração a santos.As leis que proíbem como crime a pregação do cristianismo, assim como a forte influencia do islamismo popular, é também a causa de que o obreiro se revista do poder e da unção do Espírito Santo para derrubar todo empecilho.Em En Hadá os missionários Marcelo Acosta e sua esposa Renata, tiveram uma luta muito grande devido à opressão maligna que sofreram nesse lugar. Não conseguiam dormir, tinham febres, pesadelos com pessoas morrendo e manifestação de enfermidades. Tudo cessou quando resolveram orar e repreender em nome de Jesus.




Eficácia na Comunicação



A primeira coisa que o obreiro deve ter como meio eficaz na propagação do evangelho no mundo mulçumano é o domínio da língua nativa. A convivência com o nativo é o melhor e mais eficiente meio para um aprendizado mais rápido do idioma. Gravar conversas é uma boa técnica de memorização. Depois disso, procurar praticar sem medo de errar o que aprendeu com alguém. A medida que se ganha fluência no idioma, a comunicação melhora e passa-se a conquistar a simpatia do mulçumano.Em segundo, estudar o comportamento social dos homens e mulheres, para entender o que é socialmente aceitável entre eles ou não. Isso evitará constrangimentos entre ambos os lados, evitando choques de culturas ou mal entendidos.Em terceiro, é importante dedicar maior parte do tempo visitando várias famílias, estreitando seus laços de amizade com eles. Isso não será difícil devido à cultura hospitaleira sem igual do povo árabe. É uma sociedade voltada para a vida em grupo. Dão importância a família e as relações de amizade. Quem tem comportamento anti-social na sociedade árabe é mal visto, e não terá nenhuma chance de pregar o evangelho.Em quarto lugar, é importante se apresentar vestido como eles. Com isso estaremos mostrando respeito e admiração por seus costumes, como nos vestindo de acordo com os padrões de decência moral deles.Em ultimo, se deve ir a feiras livres em vez de supermercados, pegar transportes públicos em vez de carro particular. Maior contato com o povo faz ganhar o respeito à amizade e simpatia deles. Visto que o ocidental é mal visto como barrista e orgulhoso.




Isso é apenas uma pequena base entre muitos outros detalhes que serão apresentados nesse trabalho. Tudo isso diminui as diferenças culturais, e nos facilita a comunicação do Evangelho.“Embora eu seja livre para com todos, fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais. Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me fraco para com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo Para com todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns”. (1 Coríntios 9.19-22).




SENDO UM NISHAM



Geralmente os mulçumanos não conseguem distinguir o ser cristão de ser um ocidental, para eles todos que nascem num país ocidental são cristãos. Por isso alimentam uma imagem ruim dos cristãos como sendo um povo de costumes libertinos, incapaz de uma vida piedosa e correta. Quando alguém se enquadra nos seus padrões de uma pessoa moralmente correta, denominam essa pessoa de “nisham”, que significa correto em árabe.É importante para o cristão procurar ter uma conduta nisham, ou seja, uma postura religiosamente piedosa. Isso inclui atitudes básicas da vida de um cristão praticante como dar esmolas, jejuar e fazer suas orações diárias. O que não é difícil para um obreiro do Senhor Jesus, que pratica essas coisas sem motivos meramente religiosos, mas sim de forma natural e espontânea. Porém vale salientar que ao contrário do que ensina o cristianismo, de que não se podem fazer essas coisas em público, no mundo mulçumano é necessário faze-las serem notadas.A nossa forma de orar pode chocá-los e ser interpreta com falta de reverência. Portanto é recomendável orar a maneira deles e em seus horários. Os mulçumanos oram em cima de um tapete com a testa inclinada ao chão. Não há nada na Bíblia que nos proíba de orarmos dessa forma. Jejuar no mês de Ramadán para eles é importantíssimo, e cristão que faz isso conquista o respeito e admiração deles.




A Mulher Nisham



A cultura mulçumana é muito rígida em relação às regras de comportamento da mulher. Uma mulher de boa reputação tem que ter um comportamento socialmente aceito. A missionária ibero-americana acostumada à liberdade de seu país deve adaptar-se a esses rígidos padrões, ou ao contrário será tratada com reprovação pela sociedade árabe. Uma mulher de boa conduta deve passar maior parte do seu tempo em casa cuidando dos afazeres domésticos, não pode falar com os homens na rua, nem olhar em seus olhos, caso contrário isso será tido como um convite sensual. Não pode rir em público, deve sempre ter na rua um semblante sério, e quando sair à rua, não sair sozinha, mas acompanhada de alguma outra mulher ou do marido. Deve sempre usar seus cabelos presos e cobertos pelo véu, assim como deve usar a chilaba, túnica que se usa por cima de outra veste para cobrir melhor o corpo.




O Homem Nisham



O homem mulçumano tem mais liberdade em relação às mulheres. Para eles não há uma exigência rígida em relação à vestimenta, podendo até usar roupas comuns, que conduto não seja shorts ou camisetas curtas. Um homem de boa deve ser um bom provedor de seu lar, e ter uma esposa e filhos obedientes e submissos. Se ele não administrar bem seu dinheiro e for descontrolado será visto com desdém até por quem não tem emprego. E também deve-se evitar acariciar sua esposa em público ou na frente de qualquer pessoa mesmo sendo parente ou amigo. A vida a dois é muito intima, sagrada e não deve ser exposta de nenhuma forma.




Costumes a serem observados



É necessário estar atento a linguagem dos gestos deles, pois para nós isso passa muitas vezes despercebidos. Mover a cabeça varias vezes para os dois lados significa sim, fazer um balanceio incompleto significa não. Alguns fazem ruídos com a boca. A mulher deve tomar cuidado com certos gestos, pois pode sofrer algum assédio desagradável sendo mau interpretada. Os mulçumanos são muito expressivos. Em alguns países como no Paquistão noventa por cento dos que andam na rua são homens. Portanto a mulher deve estar atenta, pois alguém pode dar um tapa nas nádegas ou tocar-lhe os seios. Portanto a mulher deve ser séria e inexpressiva, cobrindo bem seu corpo. Os mulçumanos se atraem pela boca e pelo cabelo solto comprido.Usam a mão direita para comer, pois a esquerda é usada para limpeza íntima, muitas vezes no lugar do papel higiênico. Por isso é considerado grosseiro e insultante oferecer algo a alguém com a mão esquerda. Nem tão pouco cumprimentar alguém com ela.Geralmente são muito hospitaleiros, e apreciam quando sua visita demonstra o interesse de passar ali à noite. Sentem-se insultados quando alguém faz visitas tipo de médico, ou quando mostra resistência quando lhe oferecem hospitalidade.




Conclusão



Nesse trabalho aprendi a amar e admirar ainda mais o povo mulçumano, pelo seu esforço em preservar valores morais e culturais da família e sociedade. Assim como sua maneira hospitaleira é sem igual se comparada aos demais povos do mundo. Estudando sua cultura, nos livraremos do cárcere do preconceito e da ignorância ocidental de olharmos para esse povo como um povo bárbaro, fanático e violento. O que constatamos ao contrário ser esse povo, um povo humilde, hospitaleiro, amante de sua cultura e religião. Um ótimo campo para a propagação do evangelho, se todos os critérios descritos nesse trabalho forem bem observados.


Templo Mulçumano, comumente conhecido como Mesquita:



BIBLIOGRAFIA :
Bertuzzi, A. Frederico, Latinos no mundo mulçumano. edição 1993.

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